sábado, 31 de julho de 2010

Ao sentir o vento frio e o inverno se apresentar...



Desde que saí de Ijuí, há três anos e meio, eu não havia sentido o inverno rigoroso do Rio Grande do Sul. Por isso, essas minhas férias prolongadas, foram certamente um momento de resgate de sentimentos e redescobertas. Me proporcionaram o prazer de aproveitar o frio e os dias de chuva intermitente que se fizeram presentes nesta estação.
E o melhor disso, é que pude vivenciar cada um destes dias de frio intenso, fazendo o que qualquer pessoa teria vontade de fazer naqueles dias... Simplesmente aproveitando-os...
Pude ficar na cama quentinha até tarde da manhã, ou acordar cedinho, só para ver o gramado ainda coberto pela geada... Pude contemplar a imagem dos telhados esfumaçando com os primeiros raios de sol, que derretiam o gelo acumulado durante a madrugada ou ver as chaminés soltando a fumaça dos fogões a lenha, que aqueciam as casas naqueles dias gelados. Tomei chocolate quente em frente à lareira, assisti filmes comendo pipoca com melado. Senti o cheirinho do pinhão sendo cozido e os saboreei com prazer ao lado da família.
Me "entroxei" de roupa, a ponto de ser difícil a execução de grandes movimentos e também senti a pele desnuda se arrepiar antes do banho. Vi a umidade escorrer pelas paredes e o chão ficar liso e perigoso.
Vi pessoas nas ruas usando palas, toucas,botas e luvas, nem se importando com o cheirinho de naftalina das peças de lã pesada. Vi os cuscos rengueando de frio e as pombinhas uriçadas nos fios de energia.

E com todo este frio, eu só queria aproveitar essas delícias e sentí-las... Tudo tão simples, tão gostoso, tão cheio de vida...


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A imagem acima, foi clicada em Ijuí na década de 60 pelo fotógrafo do jornal Correio Serrano, Ildo Weich. Uma Fotografia histórica, que registra a maior nevasca que já atingiu a cidade. Registros indicam que em 20 de agosto de 1965, Ijuí ficara coberta de neve. No endereço: http://www.metsul.com/secoes/visualiza.php?cod_subsecao=32&cod_texto=208 você encontra um texto que explica o fenômeno. E no Museu Antropológico Diretor Pestana, você pode conferir esta imagem e muitas outras, que contam a história do município.

Neste inverno a neve não veio... Mas se o tempo continuar se modificando de tal forma, pode ser qe nos próximos anos, uma imagem de Ijuí coberta de neve não seja apenas saudosismo, nem utopia.

sábado, 10 de julho de 2010

O frágil conceito de felicidade...


Sempre perguntamos a nós mesmos se somos felizes e a resposta nunca nos vem clara, direta. Vem sempre repleta de névoas e dúvidas. Entretanto, a busca pela felicidade é exatamente a razão para persistirmos na luta pela própria realização. É como um propulsor para cada amanhecer.

O mais irônico neste processo é que na busca pela felicidade, não percebemos o quão felizes somos. Uma felicidade fácil, acessível e contínua, guardada dentro de nós, mas que é comprometida pela própria repressão da nossa mente.

Momentos felizes estão disponíveis a todos, a cada dia, a cada página da nossa história. Mas quando por algum motivo eles nos faltam, julgamos ter uma vida medíocre, sem grandes encontros, sem grandes revelações. Uma vida que vai passando e se esvaindo por entre os tic-tacs dos nossos relógios.

A conseqüência dessa cobrança mental é não percebermos a alegria de muitas situações que vivemos. Quantas vezes você esteve em algum lugar e sem perceber, foi extremamente feliz, mas só se deu conta disso quando olhou uma fotografia daquele momento? Quantas vezes deixou de aproveitar um momento feliz enquanto ele ainda estava acontecendo? Quantas pessoas amigas passaram por sua vida e você só percebeu quando encontrou perdido no tempo um velho caderno de recordações?

Podemos não encontrar facilmente momentos felizes em nossa memória, mas lá estão as fotografias e os velhos bilhetes rabiscados para nos lembrar.

Por isso, quando você se sentir triste ao analisar sua vida e não conseguir perceber grandes acontecimentos, reviva-os através de suas memórias materiais. Reveja suas fotografias - são sempre elas que guardam nossos momentos, com o lúdico poder de eternizá-los. Procure as cartas recebidas dos seus amigos e veja quanta gente já disse e documentou o quanto te adorava e te amava, sem esperar qualquer recompensa.

Reúna lembranças de família, reveja sua vida. Relembre as pessoas que você amou, reencontre amigos, recorde conquistas, seja um pouco saudosista. Sinta cada capítulo, cada página que constitui quem você é hoje. Perceba que a felicidade não é um destino onde queremos chegar, mas o próprio caminho que percorremos a cada dia.

É quando a gente compreende verdadeiramente a nossa vida, que vemos o quanto já fomos felizes e que a “busca” pela felicidade, é na verdade, a busca por nós mesmos. A felicidade está intacta no nosso íntimo, pronta para nos revelar a nossa própria história, a qualquer momento. Façamos isso o quanto antes, para essa experiência nos ensinar a aproveitar os momentos enquanto eles ainda estão acontecendo e não apenas quando eles já fazem parte do nosso passado.

Já disse Renato Russo, em uma de suas últimas canções... “acho que a gente é que é feliz...”

terça-feira, 6 de julho de 2010

Lar... mera questão de referência



Muitas são as histórias de animais abandonados que vivem às ruas, virando as latas de lixo para garantir o próprio e mísero sustento. Poucas delas têm ainda hoje, o poder de nos surpreender, afinal, são tantos os casos tristes de maus-tratos e descuidos com os bichinhos, que isso até tornou-se uma banalidade.
Mas a história de um cãozinho branco chamou a atenção dos moradores da nossa rua em Ijuí. Ele chegou há alguns meses e virou o assunto principal nas rodas de chimarrão. De quem é este cachorro? De onde ele veio? Nenhuma pergunta foi respondida e ele foi ficando.
Com o passar dos dias, era impossível não se encantar ao observá-lo correr atrás de todos os carros que ousavam passar por nossa rua. Lá se ia o canino latindo até que os veículos terminassem a travessia. Também era lindo vê-lo sob a luz do sol quando deitava para se aquecer. E assim ele foi fazendo muitos amigos, que os alimentam todos os dias e, às vezes, dão até um chameguinho.
O cãozinho ganhou um nome: Tobi. Este, foi-lhe dado por sua melhor amiga Carol, que foi a primeira a lhe dar atenção. E ele tem muita gratidão a ela. Cada vez que sai da casa dos seus familiares, Tobi a acompanha até que ela chegue em casa com segurança. É um cãozinho guardião.
Esse hobby, tornou-se também a sua profissão. Hoje ele cuida dos carros que ficam estacionados à rua. Ele deita ao lado de uma das rodas e, quando o proprietário chega, ele abana o rabo, em saudação. Basta o motorista dar a partida que lá se vai ele ao lado pulando e latindo como se dissesse “vá com cuidado”. Mas em alguns casos não tenho dúvida de que ele diz “essa é a minha rua, vá logo”.
Assim como os demais cães guardam com firmeza e rebeldia o pátio de suas casas, ele cuida de toda a rua. É um privilégio ter tanta liberdade. Grande figura, este Tobi.
Outro dia eu ia saindo da agência bancária (que inaugurou aqui na esquina) e um senhor me abordou na rua, perguntando se eu morava aqui. Coisas que só acontecem mesmo em cidades de interior... Ele queria me contar que veio buscar o Tobi, com um prato de comida e uma coleira, pois queria dar-lhe uma história diferente, oferecer uma casa coberta, água e comida à vontade todos os dias. Mas Tobi não lhe foi amigável e recusou o convite. Virou as costas e seguiu para uma de suas caminhadas matinais.
Lar é mera questão de referência. Para Tobi, a nossa rua é o seu lar. Seu lar sem um teto, mas onde ele adora estar e deitar-se sob a sombra das árvores. Onde ele conversa com seus amigos cachorros pelos portões e até troca pulgas com eles, tamanha a amizade. Um lar onde ele não encontra o aconchego de uma cama quentinha, mas a cada dia em que vê o sol se pondo, ele sabe que é ali o seu lugar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Resiliência


Resiliência.

Palavra difícil, mas mais difícil do que pronunciá-la é praticar o seu significado.

Está em nossos instintos buscar a solução de conflitos, de situações inóspitas ou tentar resolver coisas que ultrapassam o nosso alcance. Parece que quanto mais longe de nossa alçada, maior é a teimosia em tentar desembaraçar os nós da vida cotidiana.

Se não conseguimos resolver algo, nos julgamos incapazes, fracos, melancólicos. E essa sensação de impotência traz consigo situações cada vez mais angustiantes, a ansiedade e a depressão.

Se vemos algum amigo, familiar ou conhecido passando por uma situação difícil, pensamos que é nosso dever solucionar qualquer intempérie. Não estou dizendo que devemos nos isentar de participar ou ajudar, mas temos a escolha de não conviver com a angústia de um problema não solucionado, principalmente quando ele é apenas uma prova para outras pessoas.

Desenvolver a resiliência é a descoberta, em nós mesmos, de uma resistência elástica, que seria o mesmo que flexibilizar nossa consciência emocional. Relaxar a mente. Nada podemos contra aquilo que não nos compete. Temos que simplesmente encarar as coisas como elas são.

E isso não deixa de ser também, a melhor solução para qualquer problema. Depende de nós escolher como queremos encarar ou superar aquilo que vivemos. Somos seres adaptáveis, nos moldamos às condições, quaisquer sejam elas.

Não devemos nos cobrar tanto. Eu claro, não sou nenhum exemplo de pessoa resiliente, pois me cobro demais… Seria uma bela analogia dizer que se eu pudesse, colaria ou costuraria nos galhos mais altos, qualquer folha que caísse da copa da velha árvore cansada, mesmo sabendo que ela está cumprindo o próprio ciclo da vida.

Mas seguimos aprendendo. Essa é a vida: progredir sem cessar.

Imagem: http://www.gettyimages.com/Search/Search.aspx?contractUrl=2&language=pt-PT&family=creative&p=bem estar&assetType=image&src=quick#

Essa gana missioneira que carrego inteira dentro do meu peito

Este meu novo meio de expressão cibernético será como um bom companheiro de viagem, o berço de minhas ideias, de minhas reflexões. Aqui tentarei expressar em palavras, o emaranhado de pensamentos que me circundam em uma viagem de realização. Sim, uma travessia por oceanos para chegar à bela Sydney… Território Australiano que será a pátria de um objetivo pessoal e profissional.

Relatos de viagem, percepções culturais, frases soltas, opiniões, argumentos, protestos ou só um souvenir… liberdade para escrever, para sugerir, dividir e viver… ou qualquer outro verbo que se faça presente.

E essa gana missioneira que carrego inteira dentro do meu peito, é gana pela força, pela busca, pela evolução, pelo crescimento… meu e dos meus. Antes da partida, reencontros, como um rio que volta para o velho leito. Família, amigos, amor… Sentimentos que são a seiva da vida!

Como já dizia o belo músico e poeta Cenair Maicá, “Eu sou missioneiro nasci para a liberdade (…)”.

E essa é a gana por novos dias, novos desafios e novas conquistas.

Vamos na lida!

(…) Por saber tudo o que sei me sinto bem a vontade
Sempre pronto a defender guerra honra e liberdade!!! (…) (CM)

Reinventando

Qualquer meio de comunicação ou de expressão (se é que ambos não sejam a mesma coisa) para ser útil, deve ser de fácil acesso e chegar até o seu público. Por isso, tive de mudar as estratégias do meu blog.
O Wordpress é uma ótima ferramenta, mas além de eu não conseguir acessar facilmente o endereço, as pessoas que o acessavam, simplesmente não encontravam os links para fazer comentários (e nem deu tempo de eu aprender todas as ferramentas de layout). Então surge este novo portal. Mais simples, mais bonitinho e quem sabe, mais usual.

Os próximos dois posts serão cópias dos que postei no Wordpress e após, vocês podem acessar as novidades e curiosidades vindouras! E COMENTAR, CLARO!

Valeu